Nunca tive uma máscara que prestasse, dessas de carnaval.
Mas tive um montão de outras, dessas que a vida oferece e a gente agarra, imaginando se esconder.
Cigarro foi um deles. A cada situação nova que gerasse ansiedade, eu me acabava em fumaça.
Comer lateral de dedo. Meu dedo. Cada um dos 10 dedos da mão, com preferência descarada pelo dedo anular. Se você usar produtos de limpeza como eu e fizer serviços domésticos, eles – os dedos – se tornam um pitéu. E alivia ansiedade.
Assobiar enquanto trabalha. O tempo passa mais rápido e tanto mais rápido se não se lembrar muito bem das músicas. O esforço em lembrar faz esquecer o chato que é limpar, lavar, passar.
Comprar calcinha e soutien quando a ansiedade for grande, mas muito grande mesmo. Não precisa ser chic nem caro. Calcinhas dessas de baciada a cinco “real” fazem mais pela minha tranquilidade que sessão de terapia.
Fazer café. Pra maioria das pessoas o café estimula e não acalma. Mas se você tiver, como eu, de moer o grão, juntar canela em pó, medir e fazer em máquina de expresso, e ficar ali do lado só sentindo o cheirinho invadir o ambiente, acalma. Como acalma! Se quiser nem precisa tomar o café, é só fazer.
Andar a pé. Conversar com cachorro. Olhar criança pequena quando ela não percebe que você está olhando.
Tudo isso só como máscara ou válvula de escape pra ansiedade.
E aí fica bem divertido quando as pessoas te encontram e dizem o quão calma você é.
Não sou.
Mas aprendi a ser boa pra caramba na arte de buscar máscaras e artimanhas.
Afinal, o que é a vida senão uma longa corrida de obstáculos?
Cheia de quenianos por todos os lados??
Heim, heim?? E vocês, fazem o que?