Sou uma mulher de princípios.
Não muitos, é verdade.
Um dos princípios é: não votar nulo nem torcer contra.
Não consigo. Apesar dos políticos que temos por aqui – e que nem são tão diferentes assim dos do resto do mundo – não me arrependo nunca de ter votado. Porque passei anos e anos de minha vida sem ter esse direito. Porque tivemos que engolir anos e anos de militares no poder, barbarizando em todos os sentidos, sem poder escolher nossos governantes.
Tal como nos casamentos de hoje, que duram pouco, é verdade, ainda assim são mil vezes preferíveis aos dos tempos em que os pais ou familiares escolhiam os noivos para as filhas.
Melhor errar do que não poder opinar.
E também não torço contra. Nada nem ninguém. Em primeiro lugar porque torcer não muda nada. Talvez num campo de futebol, mas fora dele a torcida por si só não é capaz de mudar resultados.
Mas irrita o entorno, ah, isso irrita.
Se não gosta do meu time, não precisa assistir o jogo. Não precisa nem ligar pra ele. Não precisa se desgastar nem se estressar.
Se não gosta do meu time, tudo bem.
Mas torcer contra pra que? Pra mostrar o quanto não gosta? Pra ficar por aí, se remoendo, aumentando o nível do ácido estomacal, candidatando-se a uma gastrite só porque não gosta do meu time? Ora, não vale a pena.
Viva e deixe viver.
Torça pro seu e deixa eu torcer pro meu.
Não precisa soltar rojões cada vez que meu time sofre um gol ou faz uma má jogada.
Creia, eu já sofro o suficiente sem a sua torcida.
Torcer contra. Diz pouco pra mim, mas diz muito de você.