
Eu já pensei que eram mais ou menos como caneta Bic , ou seja, não tinham dono. A gente perde, acha, pega, compra, esquece. Enfim, uma coisa esporádica na vida que não serve a não ser em horas muito específicas. Como um professor de inglês.
Tive trocentos na vida.Guarda-chuvas, não professores de inglês. Nem lembro de quais cores e tamanhos porque guarda-chuva não foi feito pra ficar na memória de ninguém. Ninguém nunca ouviu falar de “ai que saudades daquele guarda-chuva” ou “não troco meu guarda-chuva por nada”.
Até esta última caminhada no mato. Todo mundo sempre manda levar capa tipo poncho, daquelas que cobrem inclusive a mochila. Eu já havia usado e realmente, no inverno, não tem igual. Mas tem um inconveniente pra quem precisa andar com a vida nas costas. A vida no mato: alguma troca de roupa, água, chinelo e nécessaire. O diabo da capa pesa. Quase meio quilo.
Na última vez em que andei no mato, começo do verão, a capa só serviu pra eu me molhar completamente: do lado de fora, chuva. Do lado de dentro, suor. Desisti.
Desta vez levei guarda-chuva.
Uau!! Nunca pensei que um mero guarda-chuva preto de camelô fosse um objeto tão essencial à vida no verão da região de Ribeirão Preto. Ou seja, verão de quase quarenta graus.
No sol – o tempo todo- fez sombra. Sem a qual seria impossível caminhar ao meio dia.
Na chuva, proteção rápida, sem o tira e põe da capa e sem suor.
E, nas necessidades básicas da vida, as fisiológicas, que ninguém é de ferro, fez “casinha”.
Já é difícil fazer o necessário no mato, preocupando-se com seres rastejantes, urtigas traiçoeiras e equilíbrio precário devido à mochila. Agora se além disso ainda existir a preocupação de platéia indesejada, a coisa fica impossível. O guarda-chuva providenciou a privacidade, numa boa.
E no decorrer do caminho, nas madrugadas, quando o sol ainda não incomoda ou ao entardecer, quando o calorão declina, o guarda-chuva ainda serve de cajado adicional nas subidas e nas descidas.
Guarda-chuva. Não vivo sem ele.
Muito melhor que professor de inglês!!